quarta-feira, 29 de junho de 2011

Maria Rosa entrevista o jurado Fernando Boppré


A blogueira Maria Rosa entrevistou um dos jurados da 10ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Fernando Boppré. Leia a baixo o bate-papo dos dois:

1- Você gosta de cinema? justifique-se

Eu adoro cinema. Deixa eu te contar uma coisa. Quando eu tinha a sua idade, eu queria ser escritor. Quando eu dobrei de idade, eu queria ser cineasta. Depois disso tudo, quando começaram a me chamar de adulto e disseram que eu tinha que parar de ficar em casa comendo biscoito recheado, que devia começar a trabalhar, fazer a barba, ganhar dinheiro, essas coisas chatas todas, decidi ser historiador. Meu pai queria fazer picadinho de mim. Sabe por que eu virei historiador? A razão é simples: um historiador é o sujeito mais mentiroso que existe sobre a face da terra. Ele nunca se cansa de contar histórias. O cinema é uma máquina maior que um polvo gigante. Em cada tentáculo tem uma porção de mentiras em forma de imagens e sons. É possível passar uma vida inteira só vendo filmes. E eles nunca acabam. Eu gosto do cinema porque ele nunca acaba. E também porque entre um plano e outro tem o vazio.



2- Você já foi alguma vez júri de alguma outra coisa? De que outra coisa?

Eu já fui júri de outras coisas sim. Nas outras vezes, fui júri de comissões das artes visuais, de fundos de cultura.



3- Quando você era pequeno o que você achava do cinema?

Eu achava que o cinema era a vida e que a vida era o cinema. Quando eu era pequeno, as coisas aconteciam dentro do apartamento da minha família, na rua em frente ao prédio, na casa dos meus avós, na minha escola e dentro do tubo do televisor. Meu pai pegava vários filmes para passar no videocassete. Acho que era um modo de fazer eu e meu irmão ficar quietos por duas horas seguidas. Depois, meu irmão se tornou um cinéfilo e eu acompanhava os filmes que ele pegava na locadora. Por fim, eu acabei gostando muitíssimo de cinema. Tinha caderninhos onde anotava os filmes que assistia, o nome dos diretores e outras informações que considerava importantes. Eu também trocava cartas com pessoas de todo país que gostavam de cinema, lia as revistas sobre o assunto. Eu via de tudo. Os biscoitos recheados acompanhavam essa jornada.



4- O que você acha que tem que ter no filme ganhador?

Eu gosto de filmes mancos. Histórias que parecem que precisam de bengalas. Um exemplo: um garoto carrega uma mochila ao longo de todo o filme. Nunca vemos o que há na mochila. Isso é o maior barato. Porque aí eu ficarei imaginando o que ele carregava naquela mochila depois que o filme acaba. Tem que ter algo que não se completa. Uma linha que a gente vai continuar puxando depois que o filme termina. Ah! Seria bom também se o filme ganhador tivesse pipoca. Eu gosto de pipocas. E gosto da Maria Rosa também. Mas sem sal.

Um comentário:

  1. mas que entrevista legal! adorei o bloguinho!
    eu também gosto de histórias mancas. ou de filmes que precisam de bengalas??? ah! é a mesma coisa! por isso eu vou passar o resto da vida comendo pipoca e biscoito recheado, porque a gente nunca acaba de ver filme e ler entrevista de gente legal como a maria rosa e o fernando! beijos da Karen.

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